1ª Edição do Sarau Curupira celebra união dos Povos da Floresta na capital do Acre

                                                                                                                                                                     (Foto: Isaka Huni Kui,  Sarau Curupira – Acre )

 

Texto: Alana Manchineri e Lívia Castro 

 

 

Sarau Curupira une a diversidade cultural da Amazônia e a temática central sobre mudanças climáticas, sendo uma iniciativa de organizações não governamentais que representam parte da população que deseja cuidar da floresta e mantê-la de pé. 

 

Sua primeira edição aconteceu no sábado (5), durante a semana do meio ambiente, comemorada em junho, em pelo menos 07 cidades da Amazônia. Na capital do Acre o sarau foi regado à poesia, grafitti, atrações musicais, além de outras manifestações da cultura popular nortista. A ocupação cultural demarcou um espaço simbólico para a luta dos movimentos sociais do Acre, a praça dos Povos da Floresta, local que reúne a história de seringueiros e povos indígenas. A consolidação do pacto foi realizada através de Chico Mendes e lideranças indígenas, como Toya Manchineri, Ailton Krenak, Roque Yawanawá, etc. 

 

O sarau, reuniu diversas organizações, e mobilizou as seguintes cidades: Belém (PA), Santarém (PA), Manaus (AM), Rio Branco (AC), Açailândia (MA), e ainda nas cidades Muaná, Salvaterra, São Sebastião da Boa Vista e Soure, na Ilha do Marajó (PA). 

 

A atividade foi criada a partir de um encontro entre as organizações que tem em sua missão o ativismo climático e a formação de lideranças. No Acre, a organização do Sarau Curupira foi da Manxinerune Tsihi Pukte Hajene (MATPHA) e do Comitê Chico Mendes, com apoio do Engajumundo ( @engajamundo ) e Tapajós de Fato ( @tapajosdefato). 

 

“ O sarau curupira foi diferente, nunca havia participado de um sarau cultural, foi bem interessante. Fiquei na parte de coleta de assinaturas do projeto de lei Amazônia de Pé, é muito importante o contato que tivemos com as pessoas que foram assinar. Tinha muita gente talentosa se apresentando, fiquei bem orgulhosa de fazer parte e ver que tudo deu certo”, afirma Havylla Brito, biomédica e voluntária da Matpha no sarau curupira. 

                                                                    

                                                                                                      (Foto: Isaka Huni Kui, coleta de assinaturas para a campanha Amazônia de Pé)

 

 

Além das atividades culturais, o momento foi de reflexões sobre as mudanças climáticas, justiça social, entre outras temáticas presentes no cotidiano da Amazônia. 

 

“ A arte em si é um instrumento muito valioso, onde nós artistas usamos para várias ocasiões, e o principal desse instrumento é a reflexão. Nós escrevemos de tudo, do amor até a dor. E hoje, a arte é essencial para falarmos sobre a Amazônia, que somos a última geração que podemos salvar essa floresta tropical, tão rica e tão necessária para o futuro, que está sendo ameaçada! E com arte podemos se expressar e falar um pouco sobre essa causa levando reflexão, conscientização e até mesmo chamar mais pessoas para ajudar nesse momento tão difícil que estamos vivendo” ,  fala Matheus Venicios, músico.

 

                                                                                                                                                       (Foto: Iska HunI Kuin,  grupo Hui Dewe Keneya- Nelio)

 

                                                               

 

O sarau curupira valorizou apresentações de artistas locais fortalecendo a arte como instrumento no movimento socioambiental brasileiro  e no empoderamento amazônico na unidade e defesa do território da Amazônia, a arte entrelaçada  na revolução ecológica.

 

“ Eu me senti honrado pelo convite, poder mostrar um pouco da minha arte, do que eu vivo, um pouco da minha vida. É muito gratificante saber que as pessoas te apoiam por aquilo que você faz e é, isso é ótimo pro nosso crescimento, pro crescimento da nossa cultura ”, comenta 21 emici da batalha do Santa Cruz. 

                                                                                                                                                                                           (Foto: Isaka Huni Kui, DJ Rick)  

 

O movimento cultural  carrega histórias de luta e resistência e protagonizar os  artistas de todas as dimensões sociais de Rio Branco foi uma prioridade da organização do sarau.  Entendendo que olhar para quem está na linha de frente e que sofre as questões do desmatamento na pele precisa contar as suas próprias histórias através da arte. 

 

“ A batalha de rima e um movimento underground que chega com os dois pés na porta contra. As batalhas podem ajudar muito na defesa da Amazônia pois muitas pessoas veem, ouvem  sobre os desmatamento mas não entendem, preferem se fechar e as batalhas de rima é mais um dos movimento que pode ajudar sim a abrir a mente das pessoas, eu acho que ela só tem a somar”,  relata 21 emici.

                                                                                                                                                                                        (Foto: Isaka Huni Kui, 21 emici)

 

O evento aconteceu no dia do meio ambiente demarcando sobre a participação cidadã e o debate sobre mudanças climáticas, as organizações realizadoras pretendem manter a agenda climática em novos eventos.

sarau_curupira.ac

MANXINERUNE TSIHI PUKTE HAJENE – MATPHA

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