No dia 02 de outubro o povo acreano tem o poder de eleger o primeiro deputado estadual e primeiro deputado federal indígena
Foto: Gleison Miranda
Em toda história dos 60 anos de elevação do Acre a estado da república, os povos indígenas nunca sentaram em cadeiras na Assembleia Legislativa e nem no Congresso Nacional, ainda que no estado sejam mais de 16 povos indígenas com uma imensa diversidade territorial e cultural.
O movimento indígena durante o Acampamento Terra Livre 2022 lançou o “Campanha Indígena: demarcando as urnas”. Diversas lideranças se reuniram e afirmaram ser ainda mais importante a ocupação nos espaços de tomada de decisão política. A análise é resultado das votações dos projetos de lei contra os povos indígenas, que ganham ainda mais força quando a bancada de deputados federais e senadores que representam o agronegócio ocupa cada vez mais os espaços políticos. “A Câmara dos Deputados aprovou, por 279 a favor, 180 contrários e três abstenções, um requerimento de urgência para o Projeto de Lei (PL) 191/2020, que autoriza a mineração em terras indígenas”, afirma a matéria do site Congresso em Foco.
Ocupar os espaços políticos é uma estratégia do movimento indígena, mas é importante ressaltar que é preciso alinhar o discurso à prática. Por isso, o “Campanha Indígena” apoia e dá visibilidade a candidaturas indígenas que são legítimas do movimento e que estão em partidos que reforçam as agendas de luta dos povos indígenas.
No Acre, as duas candidaturas que representam a “bancada do cocar” no “Campanha Indígena” são as candidaturas a deputado estadual de Junior Manchineri e deputado federal de Ninawa Huni Kui, ambos referendados pelas organizações de base da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab) e pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib).
Ninawa Huni Kui é cacique e liderança indígena do Povo Huni Kui, é candidato a Deputado Federal pela Federação Rede e Psol.
Junior Manchineri tem 21 anos; é a candidatura indígena mais jovem do Brasil; é indígena do povo Manchineri da terra indígena Mamoadate; e candidato pela Federação Brasil da Esperança (PT, PC do B e PV).
Candidaturas alinhadas a partidos políticos que votam a favor dos projetos de lei contra os direitos dos povos indígenas, para o movimento, é apenas uma estratégia de desmobilização da luta dos nossos povos. No Acre, os partidos que votaram a favor da urgência da mineração em terras indígenas foram: Solidariedade, representado por Vanda Milani; PSDB, representado por Mara Rocha; e União, representado por Alan Rick.
A eleição no Acre começa às 06h da manhã e finaliza às 15h da tarde, alinhado ao horário de Brasília. O eleitor acreano precisará pesar sua decisão na urna a partir do que tem vivenciado de retrocessos em seus direitos e não na lógica dos coronéis de barranco, que outrora compravam os votos dos trabalhadores explorados e permaneciam legislando a favor dos seus. Hoje, a população acreana tem a chance de colocar um cocar na Assembleia Legislativa do Acre e no Congresso Nacional.
MANXINERUNE TSIHI PUKTE HAJENE – MATPHA
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